segunda-feira, 12 de outubro de 2009

festa no interior

juliela

a festa de família foi porreta. Aqui o que a gente come é no tempo de esquecer / sobrou carne, arroz, bolo, salada murcha e eu dedico toda essa fartura à fome no Planeta Terra / con mucho gusto.

hoje no brasix muamba é feriado sagrado. Estou lendo aos poucos o livro do Alexandre Nave que você me mandou e, passado o deslumbre primeiro, ainda o levaria pra ilha deserta mas só pra não precisar decidir com pressa. Tem coisas, no entanto, que muito me agradam. Lembro de um poema do B em que ele escrevia um "pinto" no verso que estava, assim, um ovo de ouro. E esse Nave parece não ter medo da língua do povo. Me amarro em baixaria boniteza.

Ó.
as botas cardadas cabeças de cristo

benzem as orelhas uns nos outros
já a merda fere devotos no cu,

ficam puros entre os irmãos
a matrícula fria nos pescoços,

não coloco o poema inteiro porque aquele do Iosif Brodskii que você me mostrou só consegui achar bom na teoria. Melhor talvez na leitura palpável / mas não nesse nosso look carmem miranda, não dei conta, uma pena.

E também ainda não saquei se o Nave é bom no cara-à-coda, quero dizer a peça cheia.

Menstruam machos como raparigas trazidas pelas águas.

Você não adora machos menstruando? Eu sim. Marte em câncer favorece. Taí, talvez esse livro tenha poemas de marte em câncer.

Vou comer quiabo.

amor

marcovaldo

Um comentário:

  1. eu nunca entrei nesse Nave, eu te dei porque podia ser que você gostasse. eu gostaria que uma flor, talvez, fosse isso

    ou eu ainda prefiro a delicadeza que só os homens sabem ter.

    daí o Eliot também, de aniversário que é sim, o meu que há.

    o Brodskii não é pra entrar, é pra vate-ar.
    *

    o sol tão quente pela janela
    em cima da mesa
    tem uma missanga verde
    a falar com ela

    *

    marcos
    escrever e coçar
    marte em câncer não me ajuda
    a começar

    *
    minhas mãos estão quentes
    meu coração já não sabe

    beijo.

    ResponderExcluir