escrever é uma bobagem
se não for essencial
*
não há amor sem relação
*
as palavras são vestido
pra um corpo vivo
*
sem fetiche da palavra
*
sem fetiche da palavra
*
nada de fóssil
terça-feira, 29 de dezembro de 2009
sábado, 5 de dezembro de 2009
se um poema se insere no tempo, no espaço, no corpo, como atravessar as direções até a chegada nele? muitas vezes me parece que escrever é uma dilatação ou uma supressão. um ataque e uma retirada. atravesso a margem do silêncio em que já estou para nele voltar. quero desesperadamente e sem desespero que tudo se encene e destrua. que se faça e suma.
*
quando atravesso uma espécie de marasmo e ao silêncio me revelo como precária: determino: ontem pensei que curioso: minhas mãos coçam como se houvesse sido picada num mundo sem insetos. é assim a vontade que tenho tido de escrever desde que não escrevo mais.
*
por exemplo escrever por horas sem fazer nenhum sentido. era isso que eu fazia até que a unidade se mostrou obrigatória. quando o livro esteve pronto, a unidade me expeliu. olhei para ele e ele me disse já não te quero mais, gozando livre. nunca se trata de masturbação, embora seja. descobri que não fui usada e nem usei, somos determinantemente uns dos outros. não há amor sem relação.
*
acordo e não quero mais saber do futuro e nem dos aquários em que nos movemos. o vidro que nos divide é uma fábula. estamos a nadar num livro que o autor é o meu silêncio. meu silêncio o que nunca consigo fazer. é o que não existe.
talking heads
o que não existe é o que angustia?
*
via de mão dupla: trafegar. lembro de uma vez o alê dizer que só se sentiu desesperado no meio da selva porque não conseguia ver as relações entre as coisas: essa árvore está pra lá de mim, não me atravessa. a árvore estava para o ruído como para o corpo num mesmo tudo, estava ao mesmo tempo sobre e com ele. e mostrou que em cima da mesa havia um vaso e o vaso estava em cima porque embaixo estava a mesa. daí a relação. um poeta relaciona tanto as coisas que vive de desesperá-las.
*
divagação em dizer: estava embaçada, agora clara. vidros são lúcidos e líquidos. sabia disso? aprendi nas antigas catedrais européias que os vitrais embaixo são mais grossos, por conta da gravidade, o líquido abaixa em sua circulação.
meio como eu que prefiro tantas vezes o som ao sentido e depois descubro que o som fez mais sentido do que se sentido buscasse.
*
tomorrow will never be quiet.
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quando atravesso uma espécie de marasmo e ao silêncio me revelo como precária: determino: ontem pensei que curioso: minhas mãos coçam como se houvesse sido picada num mundo sem insetos. é assim a vontade que tenho tido de escrever desde que não escrevo mais.
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por exemplo escrever por horas sem fazer nenhum sentido. era isso que eu fazia até que a unidade se mostrou obrigatória. quando o livro esteve pronto, a unidade me expeliu. olhei para ele e ele me disse já não te quero mais, gozando livre. nunca se trata de masturbação, embora seja. descobri que não fui usada e nem usei, somos determinantemente uns dos outros. não há amor sem relação.
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acordo e não quero mais saber do futuro e nem dos aquários em que nos movemos. o vidro que nos divide é uma fábula. estamos a nadar num livro que o autor é o meu silêncio. meu silêncio o que nunca consigo fazer. é o que não existe.
talking heads
o que não existe é o que angustia?
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via de mão dupla: trafegar. lembro de uma vez o alê dizer que só se sentiu desesperado no meio da selva porque não conseguia ver as relações entre as coisas: essa árvore está pra lá de mim, não me atravessa. a árvore estava para o ruído como para o corpo num mesmo tudo, estava ao mesmo tempo sobre e com ele. e mostrou que em cima da mesa havia um vaso e o vaso estava em cima porque embaixo estava a mesa. daí a relação. um poeta relaciona tanto as coisas que vive de desesperá-las.
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divagação em dizer: estava embaçada, agora clara. vidros são lúcidos e líquidos. sabia disso? aprendi nas antigas catedrais européias que os vitrais embaixo são mais grossos, por conta da gravidade, o líquido abaixa em sua circulação.
meio como eu que prefiro tantas vezes o som ao sentido e depois descubro que o som fez mais sentido do que se sentido buscasse.
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tomorrow will never be quiet.
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