quinta-feira, 29 de outubro de 2009

traseiro desnudo

*

Quando eu era criança e até os 14 anos / Deus era uma certeza tão grande quanto o ar que eu respirava. Dessas que nem são certezas, são antes constatações desapercebidas. Eu ainda não sei porque aconteceu / e agora acho que não preciso mais inventar motivos / um dia, voltando da escola pensando na morte, Deus não existiu mais e assim foi. Foi tanta a indignação de todo mundo que eu * comecei a dizer que era ateu e * comecei a relativizar a existência do ar.

Voltei a supor Deus por causa dos livros da Hilda Hilst, que estão sempre brigando com o Cara Escura, o Menino Porco, o Sem Nome.

Hoje eu acho que / fé cega, faca amolada / sendo o ateísmo uma fé tão chaaaaaaata quanto qualquer outra, deus me livre da prepotência de ditar qualquer coisa / eu quero mais é o mistério do planeta.

Fim

:)

terça-feira, 27 de outubro de 2009

III

Olhando o meu passeio
Há um louco sobre o muro
Balançando os pés.
Mostra-me o peito estufado de pêlos
E tem entre as coxas um lixo de papéis:
-Procura Deus, senhora? Procura Deus?

E simétrico de zelos, balouçante
Dobra-se num salto e desnuda o traseiro.



(Hilda Hilst
de "Vida Espessa" In: Do desejo.)

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

boa notícia para uma criança

Em tudo, em tudo você terá a seu favor o corpo. O corpo está sempre ao lado da gente. É o único que, até o fim, não nos abandona.

Clarice Lispector, em Para não esquecer

carros correm com gasolina

estou lendo a história da extinção no planeta terra
e descubro a morte natural, informativa e cíclica

nós vamos acabar
feito os dinossauros e os trilobitas

enquanto isso, deixo de cumprir deveres
para imaginar um mundo novo

de lava siberiana e um único oceano
que talvez termine em barranco
cheio de bichos que a gente nem imagina

escorpiões aquáticos
de dois metros de comprimento

sábado, 24 de outubro de 2009

eu vou na onda que mais longe me levar

júlia

nos anos 80 uma coisa nova no ar?



(vê lá nos 3:30)

Em 79 a anistia, um monte de gente voltando pro Brasil, em 89 as eleições diretas, uma década entre isso. Então politicamente, né. O Fabinho diz que a mãe dele, grávida, o avô dele trancava ela em casa e ela fazia teresa pra descer pela janela e ir à praça da Sé às Diretas Já.

Deve ser muito maluco, mal tendo acabado a ditadura, e ver o PT crescendo daquele jeito, sendo incorporado em tudo quanto é canto do Brasil, era uma promessa bem palpável hein. O Lula por pouco não venceu o Collor nas eleições. A Erundina, em 88, virou prefeita de São Paulo.

*

Todas as bandas de rock, o Rock in Rio (que agora tá no Tejo!), as pessoas indo a shows e nos rádios o tipo de consumo nada a ver com aqueles festivais falsete dos anos 60. A Globo até fez uns, mas a gente não ouve dizer tanto deles. Tipo o Guilherme Arantes cantando "terra planeta água", nem dá pra comparar né.

Em 82 o primeiro disco do Barão Vermelho tocando "você precisa é dar". Que a Rita Lee também embarcou, o "me deixa de quatro no ato" é de 1980. Mas foi o pessoal da poesia marginal que começou isso uns anos antes, não?

Acho que nos anos 80 teve um boom do sexo pelo prazer, o cinema deixou um pouco de lado a pornochanchada e foi pra praia, menino do rio, leãozinho, lembra aquela cena do Bete Balanço?


Um jeito de corpo que não tinha antes. Uma década solar.

*

O Caio Fernando Abreu lançou a maior parte dos livros dele nos anos 80. Os mais significativos. O Morangos mofados, que parece que solidificou ele no cenário literário e vendeu muito, é de 82. Que nem o A teus pés, que fez uma coisa similar pra Ana Cristina Cesar.

E a editora Brasiliense, hein! Um catálogo imenso, super diversificado, publicando muita gente nova e traduzindo um monte de gente que nunca que tinha aparecido no Brasil.

Foi o começo do mercado editorial que a gente tem hoje?

*

Tá tudo muito desconexo. Estou tentanto raspar o que tenho de memória dessa década, mas as referências são todas indiretas. Eu lendo o Caio Fernando Abreu em 1996. A gente era muito criancinha ainda, né.

*

Foi que a Sabina blogou esse vídeo aí e eu pensei ah será que a Julinha não quer retomar aquele nosso projetinho, nós com este prado todo pra rolar. Tenho pensado bastante na Ana C, no Cazuza e um pouquinho no Leminski / e to achando cada vez mais fixe fazer as ligações todas.



E aí, do you wanna dance? :)

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

se sabias que eu era frasco

marcos

eu comecei a solenizar a budega toda e por isso entrei em silêncio e depois calhei de fazer a graça quando o B tava aqui em casa e inventamos que se você comprasse uma câmera (além do microfone meu amor que vontade de ouvir a tua voz) a gente podia conversar com você em triângulação de imagem-som e a gente projetava você imensão na parede e eu ia tirar tantas perguntas... aliás, cadê tuas respostas pras minhas novas perguntas?

mas antes, aqui ia te dizer: citar o nietzsche pra concluir que o meu texto sobre deus cheio de dúvidas de ateus e místicos é porque eu boto ver na beleza da imaginação e do simbólico e também de que, por via de regra, é tudo invenção.

a frase do nietzsche me mostrou na verdade como foi importante (e é) a morte de deus. ou o dostoiévski: "se deus morreu tudo é possível". é imprescindível arrasar a terra muito muito até não sobrar nada nada. e daí as ervinhas recrescem pelo amor delas mesmas. por que as coisas se amam a si mesmas?

a citação do Nietzsche você já conhece que eu mandei por e-mail. mas pra quem não é você e passa por aqui: d'A gaia ciência: se deus morreu: "Nosso mar está ali em aberto. Talvez nunca tenha havido um mar tão em aberto."


- -

apareceu uma barata enorme na cozinha andando entre os potes e pratos e eu gritei.

POR DEUS

écathy bicho pré-histórico

vem me salvar?

beijos,
zuliem.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

NÃO DEIXO DE ESPERAR
A VÍDEO-CONFERÊNCIA
com marcos visnadi
e
eu.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

deus por favor apareça

1.

Nas igrejas, nas sinagogas e nas mesquitas buscam refúgio os que temem o inferno. * Mas o homem que conhece os segredos de Deus não cultiva no seu coração as sementes do terror e da súplica.

2.

"Quero ser santo, senhor padre."

E o senhor se ria. Que santo não podia. E porquê? Porque santo, dizia o senhor, é uma pessoa boa.

"E eu não sou bom?"
"Mas santo é uma pessoa especial, mais único que ninguém."
"E eu, Padre, sou especialmente único."

Que eu não entendia: um santo é uma pessoa que abdica da Vida. No meu caso, Padre, a Vida é que tinha abdicado de mim. Sim, agora entendo: os santos são santificados pela morte. Enquanto eu, eu é que santifiquei a vida.

3.

Eu sou Medo. Estertor.
Tu, meu Deus, um cavalo de ferro
Colado à futilidade das alturas.

4.

Até quando, Senhor?
Esquecer-te-ás de mim para sempre?
Até quando ocultarás de mim o rosto?
Até quando estarei eu relutando dentro em minha alma,
com tristeza no coração cada dia?

5.

Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus
se sabias que eu era fraco.

6.

Que vale mais? * Fazer exame de consciência sentado na taverna, ou prosternado na mesquita? * Não me interessa saber se tenho um Senhor e o destino que me reserva.

7.

logo eu
que cri que não crer era o vero crer
hoje oro sobre patins

terça-feira, 13 de outubro de 2009

me deu uma dúvida de ateus

marcorelas,

hoje acordei pensando em deus. não é um assunto em que eu costume pensar.

mas ontem estava no metro voltando de Carcavelos com o B quando olhei as pessoas na minha frente sentadas nas poltronas vermelhas e algo me comoveu a um ponto do meu cansaço de mar e sol, que assim como há muçulmanos e evangélicos, notei que é também preciso que um deus não existisse pra tanta gente. lembrei desse FAQ aqui que quando a Cris colocou no Facebook eu também ri, principalmente da resolução certeira, mas logo fiquei triste.

não falo da ignorância religiosa.

não que eu espere ou precise de deus pra ficar feliz. ou tenho cada vez mais tanta coisa combinada em mim que tanto-faz, sabe? o, melhor: não espero que nenhuma razão vença nunca. me tornei daquelas que...? percebo: o melhor o tempo esconde/ longe muito longe/ mas bem dentro aqui. não cogito mais o que não posso responder?

*

qual é a mais-valia de ser ateu?

por outro lado, existe razão dentro do misticismo e misticismo dentro da razão. não é?

gente é tudo um bando de apaixonado. compondo sentido. e ainda bem.


*

agora cedo me lembrei que eu tinha um professor no colegial que escreveu num dos meus poemas uma vez que o Drummond era agnóstico. eu achei na época aquilo (do Drummond ser agnóstico) uma tremenda ignorância porque o que importava mesmo era ser ateu. e não combinava com o meu poeta Drummond um não-saber-daqueles.

eu achava que saber era segurança. ou melhor, que se definir sabendo era estar seguro. mas e se pensarmos por exercício? e não para encontrar? colocar-se na berlinda do desconhecer. acho que cogitar ou não a existência de deus é um assunto de bom gosto. e uma resposta que nunca vou ter.

*




*

amor

humor



*

acho que há amplitude e desacerto, o mundo é incoerente e lógico.

e faz alguma diferença existir ou não existir deus?

*


já pensou que as formas de se organizar do carbono se repetem em toda parte? olhe uma concha, uma folha de árvore, seus poros. e que provavelmente em outros planetas outro elemento químico estabelece um padrão de organização e repete? e isso não é sinal de nada. nem de deus nem da ausência dele. mas é bonito. não é bonito?

deus é mímese, síntese, metáfora

nossos olhos

e os símbolos que nos são deus




vou beber o café que eu mesmo preparei

beijo
juliéela.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

festa no interior

juliela

a festa de família foi porreta. Aqui o que a gente come é no tempo de esquecer / sobrou carne, arroz, bolo, salada murcha e eu dedico toda essa fartura à fome no Planeta Terra / con mucho gusto.

hoje no brasix muamba é feriado sagrado. Estou lendo aos poucos o livro do Alexandre Nave que você me mandou e, passado o deslumbre primeiro, ainda o levaria pra ilha deserta mas só pra não precisar decidir com pressa. Tem coisas, no entanto, que muito me agradam. Lembro de um poema do B em que ele escrevia um "pinto" no verso que estava, assim, um ovo de ouro. E esse Nave parece não ter medo da língua do povo. Me amarro em baixaria boniteza.

Ó.
as botas cardadas cabeças de cristo

benzem as orelhas uns nos outros
já a merda fere devotos no cu,

ficam puros entre os irmãos
a matrícula fria nos pescoços,

não coloco o poema inteiro porque aquele do Iosif Brodskii que você me mostrou só consegui achar bom na teoria. Melhor talvez na leitura palpável / mas não nesse nosso look carmem miranda, não dei conta, uma pena.

E também ainda não saquei se o Nave é bom no cara-à-coda, quero dizer a peça cheia.

Menstruam machos como raparigas trazidas pelas águas.

Você não adora machos menstruando? Eu sim. Marte em câncer favorece. Taí, talvez esse livro tenha poemas de marte em câncer.

Vou comer quiabo.

amor

marcovaldo

terça-feira, 6 de outubro de 2009

ai um livro é

pedaço de estante
entre mil autofalantes

1.

Se a leitura não for tarefa etérea esta tela fingida de verde de amarelo você lê e eis aqui: luz que faz verbo / é o próprio avesso do Começo

2.

Mas se qualquer vista é somente luz que atiça / então um livro / podemos amá-lo do amor táctil

3.

No sebo eu encontrei uns escolares, a Presença da Literatura Brasileira, na folha de rosto o nome da minha professora da oitava série que teve tumor, a Romilda, e morreu. Na aula ela pôs a Bethânia pra cantar e chorou e um dia disse que um crítico quebrou, na televisão, um disco do Caetano dizendo "isso não faz o menor sentido!".

Eu comprei, porque também o afeto tem preço. E quem vai dizer que livro é pra ser lido?

4.

Os hebreus, como eram conhecidos: o povo do livro.

5.

O menino (não é autobriográfico) no recreio tem doze anos senta na escada abre o volume pesado os dedos lhe doem. Um chega curioso e pergunta "que livro é esse"

"Almas mortas, do Nikolai Gógol"

e o menino nem está lendo direito

6.

No que eu concluo (kkkkk) que o livro é um objeto, como um presunto, e bastante interessante, quase um viaduto.

Beijo :)

o que é um livro?

Começar dizendo que um livro é um universo condensado e em expansão, porque é matéria finita e em transformação, é um tanto de ver poético? Ou é literal?

* *

Um livro é, em primeiro lugar, uma produção humana, que condensa um universo, porque tem uma materialidade limitada ao espaço em que se inscreve.

Eu tenho um amigo escritor que tem livros inteiramente escritos em si e que não estão em papel. É um títere do invisível entre suas idéias. Eu tenho certeza que ele tem esses livros em estantes de si mesmo, que os consulta, os re-escreve e, muitas vezes, ao estar com ele, tenho a impressão de consultá-los.

Quero dizer: um livro só existe em papel?

Curiosamente é o que determina a primeira definição do dicionário Houaiss: "1. coleção de folhas de papel, impressas ou não, cortadas, dobradas e reunidas em cadernos cujos dorsos são unidos por meio de cola, costura etc., formando um volume que se recobre com capa resistente".

No sentido dessa primeira acepção, um papiro não é um livro, porque não tem capa. O Houaiss que consultei é de 1998. E será que 11 anos depois os escritores dos verbetes marcariam a necessidade do papel de imediato, nesse tempo de agora em que tanto se fala dos e-books (com os quais tenho preconceitos, confesso)?: e-books são livros e não estão em papel. Ou não são?

**

Há uma transitoriedade temporal do conceito-livro, pois há.

**

Quanto tempo dura um livro? Um tratado de medicina antiga pode existir até hoje, mas os avanços na busca contra a sida, o cancro, a paranóia, podem durar 6 meses e serem esquecidos. E podem também ser re-abilitados quando menos se espera.

Um livro vive o tempo da sua pertinência ou dura o tempo da sua existência material? Existe enquanto seu papel se sustenta no tempo?

Imagino um dia, após alguma espécie de catástrofe global, em que se morrem todas as pessoas e sobram os livros. Sem ninguém pra eles, esses livros não existem.


**

Se o livro é matéria em seu limite físico, também é matéria produtora na imaginação.

Ao mesmo tempo que é limite, um livro é expansão e transformação, de idéias, informações, imagens, ficções, questões, através de quem se relaciona com ele. Digo "através" porque uma relação de leitura ou criação de alguém com um livro é um encontro de permeabilidade mútua. Um livro é um instrumento de imaginar, restringir e conceber. Tanto quem cria é criado, como quem recebe, é recebido. Quero dizer: há um pacto mútuo, o corpo do livro se abre e se fecha, conduz e é conduzido.

Nesse sentido, de tantas variáveis, um livro é ilimitado.

**

Desconfio que não consegui responder a sua questão.


segunda-feira, 5 de outubro de 2009

carta I

marcows,

o poeta que me recomendaram foi Iosif Brodskii

eu tinha procurado um pouco aqui em Lisboa, mas não achei. daí estava no Porto e encontrei na Leitura, uma livraria que tinham me mostrado na véspera de vinho madrugada fechada.

e tudo me pareceu meio muito Fernando Pessoa demais nas prateleiras, até que encontrei-o, nem abri, passei no caixa e tentei ir na perfomance que eu ia assistir. mas abri o livro na 1a página e não consegui mais me adiantar em estar com as pessoas. fiquei vagando e lendo o primeiro poema. tropecei num homem que pedia esmolas, vi as gaivotas cantando e pensei em como elas são ao mesmo tempo aterrorizantes e como trazem boas notícias, salinas de mar

(no Porto as gaivotas voam sobre a gente como pombos - - - aliás, entre os pombos)

e eu gostei muito, porque foi só abrir o livro dele que o poema voltou a acontecer. pra mim (é um voz-centrismo?) um bom poeta mesmo é aquele que me leva a escrever imediactamente ou me deixa intacta de que já fizeram e eu nunca mais vou precisar disso.

então, também, lê isso.

(lê naquela voz alta que é baixa de poema)


INFINITIVO

Para Ulf Linche

Queridos selvagens, embora nunca dominasse a vossa língua, isenta de pronomes e gerúndios,
aprendi a assar cavalas embrulhadas em folhas de palmeira e a apreciar patas
de tartarugas cruas,
com o seu sabor a lentidão. Gastronomicamente, devo dizê-los, estes anos
desde que aqui dei à costa têm sido um viajar constante,
e no fim acabo por não saber onde estou. No fundo, vamos continuando a
marcar pontos apenas
enquanto ninguém nos macaqueia. Apesar de terdes começado a macaquear-
me antes mesmo de vos
ver. Vêde o que fizestes às árvores! Embora seja lisonjeiro ser olhado
como um deus por vós, eu, pelo meu lado, macaqueei-vos um
bocadinho, especialmente com as vossas donzelas
-em parte para obscurecer o passado, com o seu mal-afortunado navio mas
também para enevoar o futuro,
vazio de vela panda. As ilhas são inimigos cruéis
dos tempos verbais, excepto do presente. E os naufrágios não passam de voos
da gramática
para a pura causalidade. Vêde o que a vida sem espelhos faz
aos pronomes, para não falar da cara das pessoas! Talvez os vossos antepassados também
tenham acabado por vir dar a esta maravilhosa praia duma maneira parecida
com a minha. Daí a vossa atitude para comigo. Aos vossos olhos sou
quando muito uma ilha dentro de uma ilha. E de algum modo, observando
cada passo que dê,
sabeis que não anseio pelo partícipio passado ou pelo passado contínuo
-bom, não mais do que por esse vosso futuro perfeito nas profundezas
duma caverna húmida,
coberto de algas secas e penas. Escrevo isto com o dedo indicador
no espelho da areia molhada, ao pôr-do-sol, inspirado talvez
pela visão das copas das palmeiras espalmadas contra o céu de platina, como
se fossem
caracteres chineses. Apesar de nunca ter estudado a língua. Além disso, a brisa
abana-as demasiado rapidamente para se poder decifrar a mensagem.



(Paisagem com inundação, tradução de Carlos Leite.)


ao que muito sinto, meu caro amigo, por apresentar-vos
nessa tela fria e não no papel da Cotovia.

vou abrir pra Penelope

meu amor


beijos,
julobisomem

esta espuma

campos, carvalhos, capins
soltam carrapatos com vento
vivos eram lindos do mar

que à vaga venham marfins
não decepem quem tem
nem naufraguem quem sim


a campainha, monsieur de Campos.

sim?



e tim-tim!

vem amor que a hora é essa

dança que tem jeito
duelo
dueto